Em audiência pública promovida pela CEI (Comissão Especial de Inquérito) que investiga o contrato entre a Prefeitura de Sumaré e a Odebrecht Ambiental, realizada na noite da última quinta-feira (04) na região do Jardim Picerno, a comerciante Ângela Salan levou um galão com água suja que havia acabado de receber em sua residência e criticou a qualidade dos serviços prestados pela concessionária. Outros moradores da região apontaram denúncias semelhantes contra a empresa.
Ângela usou o espaço para falar da água suja que tirou da torneira de sua casa e da tarifa mínima para os comerciantes. “Eu tenho uma banca de revista e a Odebrecht insistiu para eu fazer outro ponto e pagar como comerciante, sendo que na banca não tenho nem torneira. Depois de fazer uma espécie de puxadinho decidi pagar, já que era o justo. Quando recebi a conta fiquei indignada, pois me cobraram 92 reais de consumo mínimo”, declarou.
O morador José Carlos Bernardino reclamou da qualidade da água. “A água da torneira de casa é vermelha e não dá para fazer nada com ela. Para lavar roupa eu vou em Nova Odessa”, declarou. Já o servidor Cléber Silva, que é morador do Residencial Sumaré, disse que antes do último natal faltou água por três dias, mesmo com a caixa de água do condomínio e a casa em cada residência. “Pelo menos uma vez por semana falta água por algumas horas aqui na região do Picerno”, comentou.
Muitos munícipes reclamaram da tarifa mínima de consumo que aumentou de 5 metros cúbicos para 10 metros cúbicos. “A minha indignação é com o preço abusivo da tarifa”, disse dona Nilza.“Só eu e minha esposa moramos na casa e o valor da conta de água chega a 60 reais. Um absurdo”, comentou Jaime Ferreira. O comerciante Valdinei trouxe até à reunião duas velas para filtros de água, uma delas nova na cor branca e o outra na cor marrom. “Na época que o DAE (Departamento de Água e Esgoto) cuidava da nossa água a vela do filtro demorava seis meses para ficar sujo. Hoje que é a Odebrecht demora 15 dias e eu sou obrigado a trocar”, comentou.
O vereador Willian Souza (PT), presidente da Comissão, ressaltou a importância popular nas investigações. "É a primeira vez que a população tem a oportunidade de participar deste processo iniciado pela Câmara. É uma forma que encontramos para empoderar os moradores da cidade, que recebem os serviços da empresa diariamente. Somente os usuários podem fazer uma avaliação justa sobre a qualidade dos serviços da concessão", comentou o vereador.
Todas as denúncias trazidas pelos moradores, água suja, faturas, protocolos, entre outros, são juntadas ao processo de investigação da CPI que está em andamento. As próximas reuniões serão na região do Matão e depois no Centro de Sumaré. As audiências já foram realizadas nas regiões da Área Cura, Jardim Maria Antônia e Nova Veneza.
A CEI é formada pelos vereadores Willian Souza, Josué Cardozo (SDD), Márcio Brianes (PCdoB), Tião Correa (PTB) e Rudinei Lobo (PRB), e foi instalada no dia 23 de fevereiro. São 120 dias para investigar o contrato, apresentando um relatório final.
Publicado em: 09 de maio de 2017