O ex-secretário de finanças, Hamilton Lorençato, e as duas enfermeiras da secretaria de saúde responsáveis pela prestação de contas da Pró-Saúde em Sumaré, Luciana Gama e Miriam Marilu Rojas, foram ouvidas nesta quinta-feira (27/04) em oitiva na Câmara Municipal realizada pela CEI (Comissão Especial de Inquérito) criada para investigar o contrato da prefeitura com a Organização Social.
As duas enfermeiras responderam que foram designadas para a função mesmo sem ter nenhum conhecimento técnico contábil. “Não sou da área de contabilidade, não sou técnica e nem entendo. Mas fui designada pela superintendente Neusa para cuidar da prestação de contas da Pró-Saúde”, comentou Miriam.
Ambas as funcionárias relataram que encontraram muita dificuldade para entender toda a papelada, principalmente, devido ao número muito grande documentos. “Além de não termos o conhecimento, não tínhamos tempo para aprender porque eram muitos documentos e tínhamos um prazo curto. Além disso, a empresa demorava muito para entregar os documentos faltantes que solicitávamos”, explicou Luciana.
Miriam relatou que houve insistência para que ela fizesse a glosa e ela respondia que não tinha conhecimento contábil para tanto. “Muita coisa eu não entendia e não sabia fazer. Comecei a ler para aprender e isso foi aos poucos. Além da prestação de contas, também cuidávamos de convênio e de receber as verbas parlamentares”, disse.
Luciana explicou que chegavam para ela as notas com as despesas que a Pró-Saúde pagou. “A maioria das notas eram de médicos. Eu checava as notas e o que não tinha documento eu cobrava a empresa, mas eles não me mandavam”, revelou.
Ambas as enfermeiras negaram que houve qualquer orientação da administração diretamente para não incomodar a Pró-Saúde. “Nunca nos foi orientado para deixar de cobrar a Pró-Saúde pelos documentos faltantes, mas não tínhamos espaço para fazer questionamento. A gente brincava que falar da Pró era como falar de algo sagrado”, disse Luciana.
O presidente da Comissão, Décio Marmirolli (PSB), alegou que existem pendências trabalhistas da Pró-Saúde desde 2015 e questionou o ex-secretário de finanças. “Para mim chegavam os documentos necessários para comprovar que a empresa estava em dia com as suas responsabilidades trabalhistas e por isso eu não tinha motivos para desconfiar”, comentou Lorençato.
“Toda cidade que tem contrato com essa empresa foi atingida pelas pendências trabalhistas desta empresa. A prefeitura de Sumaré tem hoje o valor de quase dois milhões para pagar aos trabalhadores dessa Organização Social”, comentou o vereador Décio.
O ex-secretário declarou que não tinha conhecimento das pendências, pois acreditou no documento de CND (Certidão Negativa de Débito) apresentado pela empresa, assim como outros documentos. “Diante da apresentação dos documentos necessários, não tinha necessidade de conferir, pois confio no órgão”, comentou Lorençato.
Constituída na sessão do dia 07 de fevereiro, a comissão é composta pelos vereadores Décio Marmirolli (PSB) como presidente, Marcio Brianes (PCdoB) como relator e como membros Valdir de Oliveira (DEM), João Maioral (PDT) e Prof. Edinho (REDE).
Publicado em: 28 de abril de 2017